Pesquisa da USP mostra que radiação não eliminaria todos esses micro-organismos
SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Cientistas recriaram em laboratório os efeitos de uma supernova
-detonação explosiva de uma estrela gigante- para saber se a vida seria
capaz de aguentá-los. Aparentemente, ao menos no que diz respeito à
radiação produzida, a resposta é sim, com um pouco de sorte, é claro.
O estudo foi apresentado na 37ª reunião anual da Sociedade Astronômica
Brasileira, que ocorreu em Águas de Lindoia (interior de SP).
A bactéria escolhida foi a Deinococcus radiodurans, famosa por sua notável resistência à radiação.
O experimento, conduzido por Douglas Galante, do IAG-USP (Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), foi realizado no Diamond
Light Source, um laboratório de luz síncrotron no Reino Unido.
"Esse é um dos primeiros estudos em que tentamos simular os efeitos biológicos de uma supernova em laboratório", afirma Galante.
O estudo expôs as bactérias a um nível de radiação similar ao que seria gerada num evento de supernova.
PROTEÇÃO
Três modalidades do experimento foram conduzidas, com exposição direta
dos micro-organismos e com exposição sob uma camada de grãos de arenito
ou basalto. A ideia era verificar se o substrato daria mais proteção às
criaturas bombardeadas.
Daí veio a primeira surpresa: aparentemente, tanto o basalto quanto o
arenito (em quantidade menor) emitem radiação secundária quando
irradiados, o que torna a sobrevivência ainda mais difícil para as
bactérias. Viveram mais as que estavam livres.
BOA NOTÍCIA
E a boa notícia é que elas resistiram -ou pelo menos uma parte delas.
"Uma supernova estando até cerca de 30 parsecs de distância conseguiria
matar 90% de uma população dos organismos mais radiorresistentes que
conhecemos", diz Galante.
Um parsec é a medida favorita dos astrônomos e equivale a 3,26 anos-luz, ou 31 trilhões de quilômetros.
O estudo se restringiu aos efeitos da radiação. Nada sobre a onda de
choque ou modificações atmosféricas causadas por uma supernova próxima
foi investigado, o que torna as estimativas de sobrevivência mais
otimistas.
Contudo, também é improvável uma detonação de uma supernova a meros 30
parsecs daqui. E o fato de que, mesmo a essa pequena distância (em
termos astronômicos), uma parcela das bactérias pôde resistir mostra que
extinguir a vida completamente pode ser bem difícil.
Não que os humanos devessem se confortar. Mas há razão para festa entre as bactérias radiorresistentes.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/73483-bacterias-conseguem-sobreviver-a-explosao-de-estrela-diz-estudo.shtml
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