Transporte | 02/08/2013 20:57
Leonardo Goy e Guillermo Parra-Bernal, da Reuters
Leonardo Goy e Guillermo Parra-Bernal, da Reuters
Trem-bala: governo enfrenta no seu próprio núcleo uma movimentação de opositores que, de carona no momento político mais adverso, querem adiar o projeto
Brasília - Faltando duas semanas para a entrega de propostas dos eventuais interessados, o projeto do trem-bala que vai ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro enfrenta crescente questionamento político dentro do próprio governo, o que pode ameaçar a realização do leilão marcado para setembro.
Embora negue qualquer discussão sobre adiamento e até cobre agilidade das áreas que lidam com o assunto para realizar a licitação no prazo, o governo enfrenta no seu próprio núcleo uma movimentação de opositores que, de carona no momento político mais adverso, querem adiar o projeto.
Segundo uma alta autoridade do governo federal envolvida nas discussões sobre o trem-bala, que pediu anonimato, sempre houve adversários fortes ao projeto, que deve consumir mais de 30 bilhões de reais. Agora, estes estão se alimentando de um mosaico de notícias desfavoráveis que eclodiram nas últimas semanas para reforçarem sua posição.
Existe uma leitura política de que o projeto pode ser mal recebido pela sociedade, pouco tempo depois de um milhão de pessoas terem tomado as ruas das principais cidades do país pedindo, entre outras coisas, melhorias nos transportes urbanos.
Um dos argumentos da oposição ao projeto, e até de setores do governo, é que o dinheiro do trem-bala poderia ser melhor empregado em metrôs.
"A decisão sobre o trem-bala agora é política, e não mais técnica", disse a fonte governamental.
Além disso, na semana passada o acidente em um trem da estatal espanhola Renfe , que deixou 79 mortos, lançou dúvidas sobre a participação do consórcio espanhol - um dos mais interessados na disputa. Isso porque o edital do trem-bala veta a participação de operadores envolvidos em acidentes fatais em linhas de alta velocidade nos últimos cinco anos.
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