Renata Gama
Do UOL, em Ouro Preto
Ouro Preto é dourada e sombria. Sacra e cruel. Ser símbolo do auge do ciclo do ouro no Brasil significa ostentar um conjunto arquitetônico colonial digno de uma cidade considerada Monumento Nacional e Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco. Mas também envolve carregar em suas ladeiras calçadas de pedra o peso de ter sido palco de dolorosos sacrifícios, mortes e escravidão.
O pré-requisito para apreciar Ouro Preto é curtir arquitetura e história. O principal ponto de referência turística da antiga Vila Rica, que já foi a próspera capital da província e do Estado de Minas Gerais, é a Praça Tiradentes. O lugar leva esse nome não apenas para homenagear o mártir da Inconfidência Mineira, mas porque foi onde sua cabeça ficou exposta para dar exemplo aos traidores da coroa portuguesa, por lutarem pela independência. No local há hoje um monumento ao mártir.
No ponto mais alto da praça, no antigo e imponente prédio da Câmara e Cadeia, fica o Museu da Inconfidência, onde estão preservadas as peças usadas na forca de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, bem como sua sentença de morte por enforcamento, esquartejamento e confisco de seus bens e de sua família por três gerações. Ali também estão os restos mortais de outros inconfidentes, como o escritor Tomás Antonio Gonzaga.
A visita ao museu emociona pela história e pela beleza do acervo. E é primordial passar por ele para entender Ouro Preto e sua importância no Estado e no país. Mas o registro de tê-lo visitado fica apenas na memória, pois não é permitido fotografar. No andar superior do museu, um acervo de arte sacra com ricos exemplares de peças do período barroco, entre elas, esculturas de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Este segundo nome também acompanha os turistas que visitam Ouro Preto. Ao lado do museu, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, com decoração estilo rococó e arcos em talha dourada, há algumas peças de sua autoria. O tour pelas igrejas da cidade mostra também um passeio pela sua obra.
Talvez a mais significativa nesse sentido seja a Igreja de São Francisco de Assis, a mais famosa da cidade. Exemplar do barroco mineiro de construção iniciada em 1766, o templo tem o projeto assinado por Aleijadinho. São também dele as esculturas da portada e dos púlpitos. Ao visitá-la, aproveite para conhecer a feirinha de artesanato em pedra-sabão, que fica em frente, no Largo do Coimbra.
Outro santuário importante para conhecer a obra de Aleijadinho é a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, que tem em anexo um museu dedicado à sua obra. Mas o templo está fechado desde fevereiro de 2013 por risco de desabamento e passa por obras emergenciais. O exemplar histórico teve projeto e execução a cargo de Manuel Francisco Lisboa, pai do escultor Aleijadinho. Ambos estão enterrados na igreja.
O passeio pelas igrejas de Ouro Preto não fica completo sem a visita à segunda matriz da cidade, a de Nossa Senhora do Pilar. O exemplar é o mais rico em ouro do conjunto arquitetônico. Na cripta da igreja, há um museu de arte sacra.
E, por falar em ouro, as minas da região são outro atrativo. Chico Rei, Fonte Meu Bem Querer e Velha ficam próximas do centro histórico, mas a que rende o passeio mais interessante é a Mina da Passagem, na cidade vizinha de Mariana. Aproveite e vá de trem maria-fumaça.
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto
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