Os gregos voltam às urnas neste domingo (17) para novas eleições
legislativas que se tornaram uma espécie de referendo sobre a
permanência do país em crise na zona do euro. Todos os olhos da Europa e da comunidade internacional se voltam para o país. O resultado das urnas deve ser imediatamente discutido na cúpula do G20
que ocorre segunda e terça-feira (19) em Los Cabos, no sudoeste do
México, reunindo os líderes de países ricos e emergentes. Ao longo dos últimos dias, dirigentes europeus e o presidente dos EUA,
Barack Obama, "advertiram" aos cerca de nove milhões de eleitores gregos
sobre as consequências da votação para seu próprio país e para a
Eurozona. "Estar ou não estar na Eurozona? Esta é a questão", afirmou o
primeiro-ministro interino grego, Lucas Papademos, resumindo o dilema. A eleição ocorre depois que a votação de 6 de maio não conseguiu formar
um governo, após dez dias de negociações emperradas e que elevaram a
tensão nos mercados financeiros internacionais. Os partidos tradicionais, Nova Democracia (centro-direita) e Pasok
(socialista) não conseguiram atrair a Syriza (coalizão de
extrema-esquerda), que surpreendeu nas urnas, para uma coalizão. A
extrema-esquerda é contrária aos pacotes de ajuda oferecidos à Grécia x pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pela União Europeia. O impasse levou o presidente Karolos Papoulias a convocar novas eleições.
Para a votação de domingo, a centro-direita e a extrema-esquerda parecem estar empatadas em intenções de voto. Pesquisas não autorizadas concedem uma vantagem mínima a Antonis Samaras, de 61 anos, líder conservador do Nova Democracia, sobre Alexis Tsipras, de 37 anos, chefe do Syriza, segundo um especialista. Samaras se apresenta como o fiador da manutenção da Grécia na Eurozona,
ao mesmo tempo em que quer renegociar o memorando, o plano de
austeridade negociado com os credores internacionais em troca de ajuda
financeira. Ele ressaltou em um de seus discursos de campanha que "o que está em
jogo nestas eleições está claro: euro ou dracma, governo de coalizão ou
não governo".
Samaras, um conservador que se apresenta ao mesmo tempo como
nacionalista a eurófilo, não excluiu, na hipótese de não conquistar a
maioria absoluta, dirigir uma coalizão que inclua outros grupos de
direita, assim como o Pasok. Seu rival da esquerda radical, muito mais carismático, mas temido pelos
mercados financeiros, exige acabar com o memorando assinado pelos
partidos tradicionais "submetidos ao diktat dos credores". Alexis Tsipras deu um prazo de dez dias para realizar "uma verdadeira e
dura" renegociação com a União Europeia se tomar o comando na Grécia,
com a perspectiva da cúpula europeia dos dias 28 e 29 de junho em
Bruxelas. "Espero que os partidos cooperem. Que todo o mundo esteja unido", disse
à France Presse Michalis Vlasvianos, aposentado de 77 anos que vive com
dificuldade com uma pensão mensal de 630 euros. Se os europeus, e em particular a chanceler alemã Angela Merkel,
mostram-se intransigentes em suas mensagens à Grécia, em Atenas é
considerada inverossímil uma margem de negociação e um apoio ao
crescimento. "Os termos do compromisso, a ser assinado até dezembro, estabeleceriam
um prazo adicional de dois anos para o saneamento orçamentário", afirmou
à AFP um ex-conselheiro de Papademos, na liderança do país até maio. Em dois anos, a Grécia recebeu uma ajuda maciça de 347 bilhões de euros
– dois empréstimos de 110 e 130 bilhões até 2015 e um perdão da dívida
de 107 bilhões – o equivalente a uma vez e meia seu PIB. As eleições de 6 de maio não propiciaram uma maioria, nem uma coalizão
de governo, afundando o país na incerteza e provocando nervosismo na
Europa e a suspensão temporária do pagamento de 2,6 bilhões de euros de
ajuda.
À beira da quebra
Desde então, a Grécia parece estar à beira da quebra, com indicadores no vermelho: PIB em queda de 6,5%, desemprego de 22,6%, a população correndo aos bancos para retirar o dinheiro, e cofres públicos que podem se esvaziar em meados de julho. Os cenários de uma possível saída da Grécia da Eurozona, uma hipótese rejeitada por 80% dos gregos, se tornaram recorrentes nos círculos europeus e nos meios de comunicação financeiros desde 6 de maio. O último, fechado no início de julho pelo Deutsche Bank, detalha o que poderia ser o período de altos riscos posterior a um default "tão logo quanto o fim de junho ou o início de julho". Este cenário prevê um controle dos fluxos de capital e das retiradas de depósitos bancários, o restabelecimento do papel do Banco da Grécia e a emissão de uma moeda ou quase moeda desvalorizada em 50% como mínimo.
Desde então, a Grécia parece estar à beira da quebra, com indicadores no vermelho: PIB em queda de 6,5%, desemprego de 22,6%, a população correndo aos bancos para retirar o dinheiro, e cofres públicos que podem se esvaziar em meados de julho. Os cenários de uma possível saída da Grécia da Eurozona, uma hipótese rejeitada por 80% dos gregos, se tornaram recorrentes nos círculos europeus e nos meios de comunicação financeiros desde 6 de maio. O último, fechado no início de julho pelo Deutsche Bank, detalha o que poderia ser o período de altos riscos posterior a um default "tão logo quanto o fim de junho ou o início de julho". Este cenário prevê um controle dos fluxos de capital e das retiradas de depósitos bancários, o restabelecimento do papel do Banco da Grécia e a emissão de uma moeda ou quase moeda desvalorizada em 50% como mínimo.
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